Meu filho está usando drogas. O que eu faço

Usando drogas

Usando drogas

Laura Fracasso
Psicóloga Clínica

Meu filho está usando drogas. O que eu faço?

Esta é uma pergunta muito recorrente e que ouvi várias vezes nos meus 17 anos de gestora técnica de tratamento na Instituição Padre Haroldo e que ouço agora, nos últimos quase seis anos em que venho me dedicando ao atendimento  psicológico individual, de casal e familiar na Clínica LibertaMente ( www.clinicalibertamente.com.br) .

É muito comum, nesta primeira constatação, que os membros da família tenham problemas de comunicação entre si e reajam de maneiras diversas frente ao problema. Há quem se desespere, quem acredite tratar-se de uma fase que vai passar, quem diga “é só maconha, não tem problema”. É interessante perceber que a preocupação começa com as drogas ilícitas. O adolescente ou o jovem, muitas vezes, já faz uso de tabaco e álcool com o consentimento familiar, sem despertar preocupações em seus entes próximos.

Primeiro, é importante esclarecer aos familiares (e, salientamos, o envolvimento de TODA FAMÍLIA é fundamental) que o uso de drogas lícitas e ilícitas tem início no uso recreacional, experimental, e pode evoluir para o uso nocivo e a dependência.

 

Por que é importante que a família tenha esta informação?

A clareza de informações é importante para que a família não subestime o uso e procure ajuda profissional para agir assertivamente e observar o processo de uso.

A família precisa ser orientada quanto aos prejuízos do uso de drogas lícitas e ilícitas ao desenvolvimento do adolescente e do jovem. Iniciar no uso recreacional pode levar ao uso nocivo ou à dependência e, nesta fase, o indivíduo apresentará mudanças de comportamento no estilo de vida (terá mau desempenho nos estudos; apresentará desinteresse por atividades que, até então, praticava; mudará seu círculo de amizades e, desta forma, começará a frequentar outros lugares, diferentes dos habituais; passará a não cumprir regras, horários; evitará atividades com a família etc.).

A dependência química não é falta de caráter e sim, uma doença crônica, recorrente e multifatorial (envolve aspectos biológicos, psíquicos, sociais e espirituais) e por essa razão é importante que o diagnóstico seja realizado por um profissional especializado, que conheça a complexidade da doença, os critérios diagnósticos e a história clínica do paciente.

O diagnóstico cuidadoso avaliará o grau de comprometimento que pode ser leve, moderado ou grave. É a partir deste diagnóstico que serão indicados o tratamento e a intervenção mais adequados para o caso específico, objetivando o planejamento do tratamento que atenderá às demandas e necessidades do paciente.

Não é apenas o indivíduo que precisa se tratar. A família também adoece e precisa de ajuda profissional. Inicialmente, é importante que indivíduos e familiares procurem frequentar grupos de ajuda, tais como: Amor Exigente e Pastoral da Sobriedade, para indivíduos usuários de drogas e álcool e familiares, NA (Narcóticos Anônimos) e AA (Alcoólicos Anônimos) para indivíduos usuários de drogas e álcool, respectivamente, e Al-Anon e Nar-Anon para familiares, objetivando conhecerem o processo de adoecimento e tratamento e compartilharem suas experiências com outras pessoas que passam pela mesma situação. Devem também buscar ajuda de profissionais especializados e dos serviços públicos voltados a esse grupo – os Centros de Atenção Psicossocial- Álcool e Drogas (Caps-AD) – para que tenham acesso a toda rede de serviços no tratamento e recuperação de indivíduos usuários de álcool e drogas.

É importante ressaltar que, ainda que o indivíduo esteja em tratamento e abstinência do uso de drogas, ele continua dependente, embora não ceda à dependência naquele momento. O tratamento irá estacionar a doença e dará manutenção ao processo de recuperação.

Continue acompanhando nossos artigos sobre dependência química para entender e prevenir o uso nocivo e dependente de álcool e drogas.